Desavisos
21:14
Rôo unhas incessante
ao som de Portishead
21:23
Abro um livro
Não passo da primeira página
21:37
O telefone toca
Ando de um lado
a outro da casa
22:00
Ligo a tevê
com uma taça de sorvete
de chocolate
22:20
Quase durmo
Os chinelos largados dos pés
Tento um cigarro
22:25
Você caminha por aí
quase esquina
Escuto uma batida de carros
22:40
O vento insiste no vidro da janela
que não se abate
Em mim a ânsia cinza
do aguardo
22:42
Calço meias nos pés
O chão frio estala
quanto mais a noite escurece
22:50
Deito na cama
desarrumada
O travesseiro não relaxa
meus cabelos ainda molhados
23:03
Ouço sons de passos
As chaves rodaram
na fechadura
23:04
Sinto ao meu lado
a temperatura
Você se deita
por trás
23:07
Ainda finjo o sono
forjo
o desdém
que não sinto
por debaixo da camisola branca
23:08
Suas mãos se arrastam
nas minhas pernas
Imagino
estrelas
23:10
Suas mãos baixam minha calça
a perna treme
Imagino
sirenes
23:11
Por debaixo do cobertor
sua cabeça
desce
entre as minhas pernas
Imagino lua cheia
23:15
Desarmada
já não sei quem sou
Lembro do sorvete
da tevê ligada
o telefone
mas ouço sirenes
sinos
estrelas
O lençol molhado
23:16
O chão estala
(ou sou eu quem derrete
por dentro?)
23:20
Viro o rosto
os olhos ainda fechados
nada podem dizer
de concreto
23:27
Você permanece
entre os estalos de mim
do chão
da casa toda
que quase comunica
um gesto
7:30
A cama está vazia
O sol entra pelas frestas
Lembro do sorvete
de chocolate
Fecho os olhos e durmo
9:40
O despertador toca
em vibrações sonoras
O sol permanece estático
Vejo a cama desarrumada
(Não lembro de mais nada)
Rôo unhas incessante
ao som de Portishead
21:23
Abro um livro
Não passo da primeira página
21:37
O telefone toca
Ando de um lado
a outro da casa
22:00
Ligo a tevê
com uma taça de sorvete
de chocolate
22:20
Quase durmo
Os chinelos largados dos pés
Tento um cigarro
22:25
Você caminha por aí
quase esquina
Escuto uma batida de carros
22:40
O vento insiste no vidro da janela
que não se abate
Em mim a ânsia cinza
do aguardo
22:42
Calço meias nos pés
O chão frio estala
quanto mais a noite escurece
22:50
Deito na cama
desarrumada
O travesseiro não relaxa
meus cabelos ainda molhados
23:03
Ouço sons de passos
As chaves rodaram
na fechadura
23:04
Sinto ao meu lado
a temperatura
Você se deita
por trás
23:07
Ainda finjo o sono
forjo
o desdém
que não sinto
por debaixo da camisola branca
23:08
Suas mãos se arrastam
nas minhas pernas
Imagino
estrelas
23:10
Suas mãos baixam minha calça
a perna treme
Imagino
sirenes
23:11
Por debaixo do cobertor
sua cabeça
desce
entre as minhas pernas
Imagino lua cheia
23:15
Desarmada
já não sei quem sou
Lembro do sorvete
da tevê ligada
o telefone
mas ouço sirenes
sinos
estrelas
O lençol molhado
23:16
O chão estala
(ou sou eu quem derrete
por dentro?)
23:20
Viro o rosto
os olhos ainda fechados
nada podem dizer
de concreto
23:27
Você permanece
entre os estalos de mim
do chão
da casa toda
que quase comunica
um gesto
7:30
A cama está vazia
O sol entra pelas frestas
Lembro do sorvete
de chocolate
Fecho os olhos e durmo
9:40
O despertador toca
em vibrações sonoras
O sol permanece estático
Vejo a cama desarrumada
(Não lembro de mais nada)