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quarta-feira, janeiro 31, 2007

Without you*

Flávia caminha com olhares de pérola e passos de cristal luzente. Sem ela o mundo é mar bravio, a rotina: sem sal. Nuvens brancas se interpõem em seus cabelos-raios-de-sol. Com sua calça de pano amarelo, ela esvoaça pólen de flores tardias e emana um olhar azul. Sua boca é toda cores quando é lançada a doçura da voz. Flávia olhares de pérola, lançando-se inteira na amplidão. Ela mergulha sua luz cintilada em águas límpidas e quentes. Seu rosto-luz configura aura incomum de tempo lunar desconhecido. A menina-estrela-luzidia procura a estrela da manhã fugida, esteja pura ou devassada. Em seu passeio pelas coisas celestes, distribui penas ao maracá e gotas d'água ao mar sem sal. Sua voz adocicada provém de gosto o reles pote de geléia. E suas mãos-magia impõem cores àquele antigo casaco marrom.
Flávia estrela-cintilada pega a lua e vai-se embora, alcança os mais altos ares à procura da poesia. Vasculha terra e céu, rios e mares, bosques e flores. Produz palavra-livro e ilustrações. Canta para reviver. Seus traços celestes nos invocando em meio a tudo que esvoaça - sorrisos de estrelas atrás de bandeiras flamulantes. A flor bordada no cabelo, o sol: estampa na camisa. Para vê-la, precisa luneta de montar de lentes finas e tênues: sua alma é transparente e emana luz. Seus olhos são de rio e seus passos adentram águas escondidas de cristal. Para encontrar a paz ela escolhe um outro lado, onde acorde tarde, às seis e quinze do horário de verão - quem sabe um avião pra Alegre (ela nunca se lembra das alturas dos degraus...)
De olhos fechados, se impõe à luz escassa que invade as brechas da cortina branca. Descansa do tumulto da cidade e busca um senso. Abandona as palavras mágicas da poesia pelo mistério completo do silêncio esquivo. Nem boa tarde ao Senhor Smith. E esquece, por segundos, da beleza da capital, que brilha ao seu redor, que a abriga e aguarda lenta, o tempo andando devagar, meu bem, devagar. Com cautela, estrelas irmãs vigiam seu sono e seus passos, enquanto elementos terrestres ressonam suaves aos seus ouvidos: Queremos de volta a estrela - com brilho, cores e voz! Queremos de volta a estrela - na inteireza de essência celeste! Queremos de volta seu tempo lunar, rubro e completo, e o canto agudo, limpo, forte, dizendo valsas de Almodóvar! Queremos a pele quente da estrela clara, e que o seu brilho configure em pétalas caminho de beleza e retorno.


[*Homenagem + torcida e vibrações à querida Flávia, num mosaico em que me permiti roubar trechos dela própria + Luisa Mandou um Beijo + Manuel Bandeira + Carlos Drummond + Hilda Hilst -> meus queridos poetas. Com amor e esperanças]

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Why do we have to suffer?