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quinta-feira, março 15, 2007

Eterna busca (ou coisas óbvias demais para que os olhos possam ver)

Não sei mais o que é poesia.

Poesia pode ser uma lista de compras, um bilhete de recados, um texto despretensioso, um fragmento de diário, uma nota em um caderno? Pode ser um nome atbitrariamente inventado, uma mensagem enviada em carta, um jogo de palavras, palavras pintadas num muro, uma mera imagem diante de nossos olhos? Às vezes é o que me parece.

Poesia seria o que se pensa poesia por situar-se em determinado(s) contexto(s)? Ou seria o que se pensa poesia por critérios totalmente arbitrários? Ou, ainda, poderia ser o proposital exercício de jogar com palavras, manipular a linguagem? A única certeza acerca disso me parece dizer respeito ao efeito estético produzido por essa manifestação que chamamos poesia.

Mas não podemos sentir esse efeito numa nota de caderno, numa carta, num bilhete, numa lista, num texto despretensioso, num pedaço de um diário, nas palavras de um muro, em um nome inventado, numa imagem diante dos olhos? Acredito que sim. Que é plenamente possível encontrarmos tal efeito em todos os elementos citados. Em qualquer coisa existente, porque basta sentir. Mas, então, de onde vêm os julgamentos, as pretensas verdades, os juízos afirmativos? Quem inventa no mundo o que é arte?

Escrever parece algo que desaprendi, e quanto mais se tenta aprender, compreender alguma lógica do processo, a sensação que predomina é a de se estar tentando entrar num circuito, caber em algo que não sabemos se nos cabe... E é nessa hora que o que se diz poesia me parece ter por trás de si aquilo que chamamos de... ideologia (não é assim com todo o discurso - já nos disse Bakhtin?)

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